Lumena autorizou? O meme que envolve as "autorizações" e "proibições" da sister no BBB 21, ganhou um novo capítulo. A pergunta está fazendo tanto sucesso, que se tornou um filtro feito por Jhonny Costa no Instagram. "Lumena não autorizou", diz o texto, que ainda explica: "Conteúdo desfocado por conta de não ter sido autorizado por Lumena Aleluia para postar". Otaviano Costa foi um dos famosos que apostou no filtro. Ao lado da esposa, Flávia Alessandra, ele brinca: "Desculpa, galera. Nós tentamos". "Essa mensagem foi censurada por Lumena", alfineta um seguidor nos comentários. O filtro rapidamente se tornou um dos favoritos entre os internautas. "Esse filtro da Lumena não autorizado é muito engraçado. Estou usando ele pra tudo agora", comentou um perfil no Twitter.
Além dele, a participante do Big Brother Brasil também ganhou uma música em sua homenagem. Autor do hit "Rita", Tierry compôs a canção "Lumena Autorizou?", que tem a psicóloga e DJ como inspiração. "E antes de dizer que é amor, pergunte se a Lumena autorizou", canta o artista no refrão da música. Um trecho da faixa diz: "Cuidado aí na hora de beijar, pergunte se a Lumena vai autorizar". A frase faz referência à crítica da sister à bissexualidade de Lucas Penteado após o ex-brother ter beijado o pernambucano Gilberto. O comportamento da participante gerou debates nas redes sociais.
“Lugar de fala”, desligitmar, cancelamento, colorismo? O que são esses termos tão usados pelos participantes do “BBB 21”? O programa que começou com um clima tenso entre os brothers e palavras difíceis de pronunciar, trouxe à tona a militância, que já se mostrou afiada nessas primeiras semanas. Mas e quem não conhece essa militância toda? Pode ficar meio perdido. E mesmo que a Lumena não tenha autorizada, sabemos que alguns termos mencionados pelos brothers não são tão conhecidos do grande público. Às vezes é preciso recorrer ao dicionário. Fenotipicamente Lumena usou esse termo durante o jogo da discórdia. A palavra vem de “fenótipo”, um conceito adotado da genética, e diz respeito a um conjunto de características que podem ser observadas em um indivíduo. A cor da pele, como Lumena citou, é um fenótipo. Sobre isso o apresentador Tiago Leifert deu a letra. “Do ponto de vista do IBGE, que faz o nosso censo, o que vale mesmo é a autodeclaração. Então, para nosso país, na hora do censo, a pessoa que declara qual é a cor da pele dela.” Desconstrução Termo muito mencionado dentro do jogo e também na militância, a desconstrução é, na raiz da palavra, desconstruir ideias e concepções sobre determinada coisa. Mudar pensamentos e conceitos. Fair play O conceito usado por Tiago Leifert, ao dizer para os brothers que faltou empatia com Lucas, é usado no esporte e quer dizer jogo limpo. Ou seja, todos os participantes precisam ter ética e não prejudicar o adversário de forma desleal. Deslegitimar Você também ficou confuso quando ouviu Lumena dizer “deslegitimação da shippada”? Bom, deslegitimar significa anular a autoridade de alguém ou de alguma coisa. Nesse caso, Lumena quis dizer que Carla Diaz tirou a legitimação do romance entre Bil e Karol Conká. Vulnerabilidade Se você escutou de alguns dos brothers a palavra vulnerabilidade, saiba que ela significa estar em estado de fragilidade. Ou seja, numa posição de insegurança. Apropriação Juliette usou esse termo para criticar a militância exagerada na casa. Mas apropriação significa um grupo social tomar posse de alguma característica cultural de outro grupo. Por exemplo, uma pessoa branca usar cocar indígena como fantasia é visto como apropriação cultural. Ressignificação Ressignificar quer dizer dar outro sentido para acontecimentos por meio da mudança da visão de mundo. Isso pode ser usado quando um termo, tradicionalmente carregado de um significado, passa a assumir outro —por motivos que estão normalmente associados a mudanças de comportamento. Silenciamento Nada mais é que o ato de silenciar uma pessoa, não deixar ela se expressar da maneira que gostaria. E isso pode acontecer não apenas em um diálogo ou numa troca de ideias, mas também num contexto social, quando algum grupo sente que não tem voz nem espaço para expor seus pensamentos. Lugar de fala O conceito mostra que pode falar com autoridade e legitimidade sobre determinado assunto quem possui vivência ligada àquilo. Por exemplo, mulher falar sobre mulher. Negro falar sobre negro. A filósofa Djamila Ribeiro tem um livro chamado “O que é lugar de fala?”, que aborda o tema. A psicóloga Lumena tem virado assunto nas redes sociais por ser, digamos, “fenotipicamente academicista” (contém ironia). Os internautas têm se questionado o motivo de a sister usar tantas terminologias letradas para dizer o óbvio, prejudicando o entendimento de modo geral e, ainda, criando barreiras da comunicação. Esta coluna não sabe se Lumena autorizou, mas convidamos a professora Adriana Figueiredo, autora dos livros Gramática Comentada com Interpretação de Textos e Redação para Concursos, Enem e Vestibulares, para falar sobre como o uso de algumas dessas expressões de forma repetitiva e fora do contexto é prejudicial e esvazia causas. “O academicismo é a valorização da produção ideológica e teórica do meio acadêmico. O academicismo de determinadas vozes pode levar a uma desvalorização da voz do outro, aquele que não faz parte do meio, que tem acesso ao conhecimento por outros meios, como a experiência de vida. É como se a voz academicista dissesse ao outro: se você não estudou o que eu estudei, leu o que eu li, você não pode saber o que eu sei”, explica a especialista. Mais sobre o assunto“Quando o conhecimento acadêmico ‘sai’ da bolha sem preocupação em adequá-lo ou colocá-lo de forma didática, isso gera confusão e desconfiança”, completa, resumindo bem certos discursos de Lumena. Para a especialista, além de preconceituosa, tal postura pode prejudicar quem fala, pois, por não se ater ao conhecimento dos grupos considerados marginais, corre o risco de ficar isolado, sem ser compreendido e sem poder evoluir com o conhecimento do outro. Outro aspecto ligado a essa prática prejudicial à comunicação é o uso indiscriminado de conceitos abstratos e “palavras difíceis”, que nada têm a ver com o contexto. Tudo isso para tentar legitimar uma posição, “É como uma tentativa de aproximação do discurso acadêmico, que intimida e evita o debate”, analisa. No campo dos estudos da linguagem, principalmente quando se fala em sentido, é no mínimo complicado dizer que as palavras têm um significado único e universal. Assim, analisamos os termos usados comumente por Lumena, tudo dentro de contexto. Confira: Atravessamento: é o efeito que determinados aspectos sociais, como classe, raça e gênero, exercem ao afetar pessoas e situações na sociedade. Afeto: apreço, acolhimento. Potência: algo que pode ser produzido ou realizado, mas que ainda não o foi. Quando dizemos que alguém tem potencial para alguma coisa, para conseguir uma vaga de emprego, por exemplo, perceba que a vaga ainda não foi obtida, mas que essa é uma possibilidade quase iminente. Vulnerabilidade: situação de fragilidade, que está associada à exclusão, à discriminação, e à violação de direitos humanos. Agenciar: fazer esforço para construir algo capaz de produzir um efeito ou de conquistar um objetivo. Demanda: reivindicação, seja por debates, seja por ações práticas. Pauta coletiva: também tem a ver com demandas de determinados grupos, geralmente minoritários. Grandão: “ela vai ouvir grandão” – de maneira forte e intensa; violenta. Preterimento: desconsideração, menosprezo. Preterir é desprezar algo, enquanto favorece outra coisa; deixar de mencionar. Silenciamento: fazer calar a voz de pessoas, geralmente pertencentes a grupos de minorias, seja por não deixar falar ou por não ouvir, ou até pela omissão. Território: em um sentido figurado, pode significar uma área determinada do conhecimento. Troca: permuta de experiências ou saberes que ocorre quando as pessoas envolvidas estão (ou se colocam) no mesmo “lugar”, ou seja, quando não há uma relação hierárquica, uma relação de poder desigual. Narrativa: história contada por alguém, que vai contá-la à sua maneira, de seu ponto de vista. Vivência: conhecimento que é adquirido a partir das experiências vividas. Questões de gênero: o gênero, enquanto categoria social, diz respeito aos papéis, comportamentos, atributos que são considerados adequados tanto para homens, quanto para mulheres em uma sociedade. Ou seja, o gênero tem relação com o que é esperado, permitido e valorizado nas mulheres e nos homens, inclusive na própria divisão entre os gêneros. 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